domingo, 14 de agosto de 2011

Baudelaire já me dizia é a modernidade...




Porque do cintilar dos postes ao longe?

Porque da dança interminável dos automóveis?

Enquanto os homens passeiam mortos pelas cidades.

Porque da brutalidade do nascer do Sol?

Da melancolia do anoitecer?

Do sexo como medida inversa do desprazer?


Porque da leveza dos semáforos?

Da singularidade harmoniosa de cada edifício

Do tilintar rítmico das buzinas?

Porque do peso estático das árvores?

Do barulho agudo e agonizante dos pássaros

Porque dos bichos passearem tão vivos pela mata?


Porque da pureza quase alcoólica dos ares condicionados?

Da arquitetura quase melodiosa de um notebook

Da poesia que dizem estar escondida em cada jornal?


Cansaram-se das fadas

Querem agora os super-heróis japoneses

Cansaram-se das bananas e mexericas

Preferem agora filas em fast-foods

Não há quem queira saber das plantas

Se há sempre um novo café a se conhecer

Pra que passeios sem destino

Se há agora tantas avenidas que nos levam a lugar nenhum?


Incompreensível a dor dos poetas

A modernidade alivia a todas

Felicidade oral

Injeções de esperança

Um carro que traz alegria

Uma televisão capaz de sonhar por você

O olho a olho virtual


Não plante mais árvores

Há muitos edifícios a serem construídos

Esqueça as frutas

Há pós sintéticos de sabores desconhecidos

Não me venha falar de amor

Os chips estão cada vez mais modernos

Não pense mais nas estações

Pra pele é sempre verão

Pro nariz sempre inverno

Não pense em céu

Nem em inferno

A vida agora é o eterno purgatório

O esperar sem fim, por nada


Enquanto isso,

Passeiem,

Passeiem mortos pela cidade.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Tupi

Hoje eu quero fazer um poema em outras línguas

Uma grande canção faroeste americano

Mas só sei falar de saudade, cachaça e macaco

E o tupi acha o to be um saco!