terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Terças


Quando abro a janela do terceiro andar do edifício situado em movimentada avenida, olho para o que vejo, não tendo nada de redundante nisso, e sempre procuro alguma metáfora para descrever a sensação. Carros engarrafados, pessoas correndo numa direção, o artista do sinal que sempre realiza o mesmo espetáculo, a velha criança em busca de algo, os mesmos corpos saindo daquele prédio cinza em frente, as mesmas cabeças lado a lado perfilhadas e separadas por suas próprias canções, o mesmo abarrotamento em busca do ar condicionado do edifício moderníssimo, apesar de cinza, ao lado, pessoas correndo na outra direção...Sim! Hoje ela me encontrou: sinto-me arremessado dentro de uma sala de espelhos!
Sinto uma vontade tão forte quanto estranha de fugir, de correr o mais rápido possível para dentro de mim e ali me refugiar.
Esconder-se de si dentro de si é as vezes a única maneira de sobreviver aos outros.